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VERANÓPOLIS – PAISAGEM, CULTURA E HISTÓRIA

MOSTRA FOTOGRÁFICA

A mostra fotográfica VERANÓPOLIS – PAISAGEM, CULTURA E HISTÓRIA é resultado de um primeiro trabalho de mapeamento do patrimônio histórico e cultural do município de Veranópolis realizado por alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da UCS assessoradas pela equipe de pesquisadores do Instituto Memória Histórica e Cultural da UCS. Como forma de tornar esse trabalho acessível aos cidadãos veranenses procura-se aqui apresentar, por meio da representação visual, alguns aspectos da paisagem, da cultura e da história do município.

A começar pelos bens naturais, sua riqueza pode ser visualizada nos planos gerais que exibem a estatura dos morros, a sinuosidade dos rios, a extensão das cascatas, e a “colcha de retalhos” formada pelos diferentes tipos de solo e pelos diferentes tons de verde. Na temática paisagem, há uma imagem em especial, a da cascata da Usina Velha, imagem capaz de ativar sentidos além do visual: sendo possível imaginar o estrepitoso barulho da água golpeando as pedras do leito do rio Retiro, essa é uma verdadeira imagem com som.

Seguindo, é possível ver o cotidiano – essa inconfundível dimensão da cultura – nas roupas e lençóis estendidos pelos varais, nos pedestres descansando sob a sombra acolhedora do caramanchão da Praça XV de Novembro, e no passante de bicicleta que invade a cena despretensiosamente (a mesma imagem, a propósito, na qual é possível ler a saudação franciscana que parece resumir um pouco da atmosfera que se encontra na localidade – “Paz e Bem”).

O trabalho, ou o saber fazer, está representado na colheita do pasto, na sova da massa do pão, no interior do porão com a oficina apinhada de ferramentas, local frio e úmido onde também se deixa o queijo e o salame para envelhecer.

A religiosidade está presente na imponência do estilo gótico da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, mas igualmente na simplicidade das capelas, na riqueza quase desconhecida de sua arte sacra, no atípico campanário de três sinos da Capela Nossa Senhora das Dores e no detalhe do capitel votivo a São Giuseppe e viçoso em flores.

A arquitetura é outra dimensão da cultura a ser destacada, na medida em que ela reflete os modos de morar: ela se encontra representada na antiga casa de madeira que serviu inicialmente de residência ao primeiro engenheiro agrônomo da então Estação Experimental Fitotécnica das Colônias (hoje Fepagro), e no antigo sobrado da Vila Azul, outrora caracterizado pelo uso misto (residência e comércio) e de interior zelado com delicadeza por seus atuais moradores (ver o corta-luz de renda filé adornando a porta de entrada). O mesmo tesouro arquitetônico é encontrado nas edificações de uso industrial, como os antigos moinhos, e na surpreendente estrutura em arco da ponte Ernesto Dornelles (a ponte sobre o Rio das Antas), vencendo um vão livre de 186 metros.

Quanto à história, para o observador mais atento ela pode ser visualizada em todos esses registros. Mas é de se destacar: ela está na pátina que recobre paredes e objetos de trabalho; está nos tijolos visíveis sob as camadas desgastadas do reboco e nas rachaduras abaixo das janelas; está na vegetação que cresce implacavelmente e aos poucos vai incorporando a desocupada casa da Usina Velha à natureza; está no labirinto formado há milhões de anos da Gruta Selvagem e que pode ter servido de abrigo aos primitivos habitantes da região; por fim, está na antiga latrina ao lado do forno de tijolos que remete a um passado impensável para os jovens atuais. É nesses pequenos detalhes que podemos ver a presença da história; eles evidenciam as mudanças e a passagem inelutável do tempo.

Assinam as imagens o fotógrafo Aldo Toniazzo e o pesquisador Anthony Beux Tessari.

Texto: Luiza Horn Iotti e Anthony Beux Tessari
Dezembro de 2014

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